UFPA – Campus do Marajó-Soure sedia Fórum que foi palco de debates e entregas históricas para o Marajó

Campus Universitário do Marajó-Soure recebeu autoridades, lideranças e sociedade civil em um encontro que fortaleceu políticas públicas e a participação democrática no arquipélago.

Entre os dias 22 e 24 de setembro de 2025, o Campus Universitário do Marajó-Soure da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi palco da 6ª Reunião Ordinária do Fórum Permanente da Sociedade Civil do Marajó (FPSCM). O evento reuniu representantes da sociedade civil organizada, movimentos sociais, lideranças comunitárias, gestores públicos e autoridades nacionais, em um espaço democrático de escuta ativa e construção coletiva.

O Fórum, criado em 2023, integra o Programa Cidadania Marajó e tem como missão central fortalecer a participação popular e articular políticas públicas voltadas às especificidades do arquipélago, território que concentra graves desafios sociais, econômicos e de acesso a direitos fundamentais.

Presença de autoridades e fortalecimento da participação social

O ponto alto do encontro ocorreu no dia 23 de setembro, quando o Fórum recebeu a Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, que esteve no Campus acompanhada de diversas autoridades. Entre elas, a Vice-Reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro; a Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad; o Prefeito de Soure, Paulo Victor; o ex-prefeito Guto Gouveia; o Coordenador do Campus Universitário do Marajó-Soure, Dr. Jualino Cássio da Silva Conceição, além de gestores, parlamentares e lideranças comunitárias.

A presença da Ministra simbolizou o reconhecimento da centralidade do Fórum para a consolidação de uma agenda de direitos humanos no território. Em sua fala, Macaé Evaristo ressaltou que a efetividade das políticas públicas depende da escuta da população local, destacando que a democracia se fortalece quando comunidades historicamente vulnerabilizadas passam a ocupar espaço nas deliberações do Estado.

Anúncios e entregas relevantes para a região

Durante a programação, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apresentou um conjunto de medidas voltadas a garantir direitos, ampliar cidadania e estruturar políticas públicas para o arquipélago. Entre as principais ações, destacam-se:

• Inauguração da Unidade Interligada no Hospital Menino Deus, em Soure: o espaço passa a emitir certidões de nascimento e CPFs logo após o parto, assegurando cidadania desde o nascimento e reduzindo a subnotificação de registros civis.
• Doação de cinco embarcações para os municípios de Afuá, Curralinho, Melgaço, Oeiras do Pará e São Sebastião da Boa Vista, reforçando a logística e a atuação dos Conselhos Tutelares na proteção de crianças e adolescentes.
• Lançamento do Programa de Agentes de Etnodiversidade do Centro de Referência em Direitos Humanos do Marajó (CREDH), com sete agentes e um coordenador, voltados à defesa de direitos e à valorização das identidades culturais do arquipélago.
• Lançamento da Identidade Visual do CREDH e anúncio das obras de reforma do espaço, fortalecendo a institucionalidade e a estrutura de apoio da iniciativa.
• Protocolo de intenções com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para a instalação de até duas unidades do sistema Salta-Z, tecnologia social de baixo custo que utiliza filtros naturais para tratar a água, garantindo abastecimento potável em comunidades rurais e tradicionais.
• Fortalecimento da escuta ativa das mulheres da região, com a consolidação do Grupo de Trabalho Permanente de Prevenção à Violência contra Mulheres e Meninas, destinado a enfrentar a violência de gênero e assegurar políticas de proteção.

Essas medidas integram o Programa Cidadania Marajó, lançado em 2023, que atua diretamente no enfrentamento às violações sistemáticas de direitos, em especial no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, além da promoção do acesso a serviços básicos como saúde, educação, documentação civil e saneamento.

Formação de conselheiros tutelares

Outro destaque foi o encerramento do módulo formativo da Escola de Conselhos do Pará, realizado dentro da programação do Fórum. A atividade contou com uma Aula Magna sobre o Sistema de Garantia de Direitos, ressaltando princípios, fluxos e mecanismos de articulação entre instituições para a proteção de crianças e adolescentes. A formação fortalece a atuação dos Conselhos Tutelares na região, que desempenham papel essencial na defesa dos direitos da infância e juventude no Marajó.

Ações de saúde com tecnologia digital

O evento também contemplou iniciativas voltadas à saúde da população marajoara, com a oferta de serviços de tele-eletrocardiograma e teledermatologia no Campus da UFPA. As ações possibilitaram diagnósticos especializados a distância, com suporte de profissionais de referência, reforçando o acesso da população a serviços de saúde de qualidade e diminuindo as barreiras impostas pela geografia do arquipélago.

Contexto social do Marajó e relevância do Fórum

O Arquipélago do Marajó, com seus 17 municípios, apresenta alguns dos piores índices de desenvolvimento humano do Brasil. Municípios como Melgaço, por exemplo, estão entre os últimos colocados no ranking nacional de IDH. Segundo dados recentes, apenas 8,2% da população marajoara entre 18 e 65 anos possui emprego formal, e mais de 70% vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza

Problemas históricos, como o baixo acesso a saneamento básico (menos de 30% da população possui abastecimento regular de água), a precariedade dos serviços de saúde, os altos índices de abandono escolar e a violência contra mulheres, crianças e adolescentes, tornam urgente a consolidação de políticas públicas adequadas à realidade local.

É nesse contexto que o Fórum Permanente da Sociedade Civil do Marajó se afirma como uma instância democrática de articulação entre governo e sociedade, garantindo que as vozes da população sejam ouvidas e transformadas em ações concretas.

Compromisso da UFPA com o desenvolvimento regional

Ao sediar a 6ª Reunião Ordinária do FPSCM, o Campus Universitário do Marajó-Soure/UFPA reafirma sua função social como instituição pública de ensino superior comprometida com o desenvolvimento da região. O evento também reforça o papel da Universidade como ponte entre ciência, sociedade e políticas públicas, valorizando a diversidade cultural e a participação popular na construção de um Marajó mais justo, inclusivo e democrático.

O Fórum se consolidou, assim, como um marco de participação social, articulação institucional e entregas concretas, sinalizando passos importantes para a construção de um Marajó mais justo, inclusivo e democrático.

Texto: Ascom | Csour

Fotos: Ascom | Csour / MDHC