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Estudantes participam do maior encontro de sociobiodiversidade do planeta

  • Publicado: Terça, 14 de Agosto de 2018, 17h23
  • Última atualização em Segunda, 20 de Agosto de 2018, 15h52

Os estudantes do Campus Universitário da UFPA Marajó – Soure e do Campus de Altamira participaram, de 07 a 09 de agosto, do Belém+30 trinta, evento reuniu o XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também a I Feira Mundial da Sociobiodiversidade. Cerca de 2 mil pessoas estiveram presentes no  Hangar - Convenções e Feiras da Amazônia

O presidente da comissão organizadora, Flávio Barros considerou o momento emblemático para as sociedades científicas envolvidas refletirem sobre os passos, conquistas e desafios do trabalho com pesquisa e defesa dos direitos de grupos tradicionais. “A ideia foi propor sobre o que fazer daqui pra frente nessa idade de 30 anos, mas, sobretudo, refletir o papel que as comunidades tradicionais têm na proteção dos rios, das florestas, dos ambientes e como esses territórios são fundamentais para a vida, para a soberania de todos os povos do mundo que nesta reunião se encontram, declarou.

Trabalhos

O estudante do Curso de Etnodesenvolvimento, Jovanildo Teles, apresentou um pôster sobre: “Critérios, regras e saberes utilizados na produtividade da comunidade Bom Jardim – alto atuá, Muaná”. “A partir de dados obtidos nessa comunidade resolvi criar quatro calendários que são divididos em calendário agroextrativista, calendário da pesca, calendário lunar e calendário da caça, esses calendários dizem qual o melhorar período para produzir, pescar, plantar, colher e caçar, mas eles não eram escritos, as pessoas da comunidade já sabiam de cór o período certo para exercer determinada prática, mas o estudo que desenvolvi me permitiu escrever esses calendários e exibi-los aqui por meio do pôster”, explicou o estudante. 

A estudante do curso de Etnodensenvolvimento Maria Rosa Pantoja apresentou um trabalho sobre: “vivência com medicina tradicional, práticas vivenciadas diretamente nas comunidades tradicionais”. De acordo com ela, o trabalho “é uma forma de resistência para que se mantenha essa tradição, das plantas utilizadas nas comunidades, esses métodos são eficazes e estamos na luta para conseguirmos esse reconhecimento”, afirmou a estudante.

Os estudantes também tinham um estande no Hangar para comercializar sementes de açaí, do buiuçú, inajá, sabonetes de andiroba, maracujá e outros produtos feitos por eles mesmos com matéria prima das comunidades em que eles vivem.

 O professor da Faculdade de Etnodiversidade do Campus de Altamira, Gustavo Moura lançou um livro durante o evento, intitulado: “Guerras nos Mares do Sul, o papel da oceanografia na destruição de territórios tradicionais de pesca”. Além de lançar o livro durante o congresso o docente foi responsável por articular a vinda de turmas da UFPA dos municípios de Anapu, Altamira e Uruará. Gustavo destacou a relevância do evento para os acadêmicos: “É importante que esses alunos façam contato com outros movimentos sociais, façam articulações, contato com possíveis parceiros pra fazer pesquisas, alguns deles apresentaram trabalhos, e isso é muito bom, pois eles estão sendo inseridos nesses diálogos  Intercientíficos do conhecimento que eles têm tradicional,  que são produzidos no cotidiano, e esse conhecimento científico que é produzido na academia”.

Para o oceanógrafo, mexicano Nemer Narchi o congresso, é um momento de “trocar ideias que às vezes não são possíveis em outros eventos acadêmicos e compartilhar o conhecimento com vários estudantes além de debater sobre autonomia, autogovernança e autodeterminação dos povos”.

Futuro da Pesquisa

 Em carta aberta publicada no dia 09 de agosto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que deverá diminuir significamente seus investimentos em pesquisa durante o ano de 2019.  Mesmo com essa redução muitos estudantes continuam trabalhando com pesquisa. Para o coordenador do programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA Hilton Silva, os pesquisadores não devem desanimar. Nós vivemos um momento difícil no Brasil, a juventude e os novos pesquisadores que estão saindo ou entrando na universidade devem ter em mente que as lutas do passado não são menos duras do que as lutas do presente, quando eu entrei na UFPA não existia campi do interior e eu fui uma das pessoas que trabalhou no diretório acadêmico  do campus de Soure, nós não tínhamos restaurante universitário, não tínhamos meia passagem, o momento era muito difícil e se pensava que essas conquistas não chegariam, porém, foi graças a mobilização dos estudantes e da juventude que nós conseguimos muitas coisas e hoje temos uma universidade muito mais ampla, os campi cada vez maiores, criando sua própria autonomia, fazemos congressos como esse, que envolveu cerca de  2 mil pessoas e mais de quarenta países sendo recebidos pela nossa instituição”, declarou o professor.

Texto: Giovane Silva (Assessoria de comunicação do Campus Universitário da UFPA Marajó – Soure)

Fotos: Assessoria de Comunicação do Congresso de Etnobiologia e Ascom - Campus Soure

 

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